• 9 de março de 2015
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Em Anajatuba, posto de saúde fantasma tem médicos, mas nenhum paciente

UBS Idalina Ferreira Abreu tem médicos, remédios e equipamentos, mas nenhum paciente

O governo federal, por meio do Ministério da Saúde (MS), envia mensalmente para a Prefeitura de Anajatuba [a 130 km de São Luís], desde janeiro deste ano, R$ 306 mil para manter uma equipe e um posto de saúde do Programa de Saúde da Família (PSF), que não existe. É a Unidade Básica de Saúde Idalina Ferreira Abreu, cujo endereço – conforme consta no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES), disponível no site do Datasus (banco de dados do MS) – é o Povoado Cumbi. Além da verba mensal, a Prefeitura de Anajatuba usou R$ 124.500,00 do Fundo Municipal de Saúde – FMS [repasse federal] para a ampliação e reforma do posto fantasma.

 Prefeito de Anajatuba, Helder Lopes Aragão(PMDB), gastou mais de R$ 100 mil com reforma de posto fantasma

Prefeito de Anajatuba, Helder Lopes Aragão(PMDB), gastou mais de R$ 100 mil com reforma de posto fantasma

O assunto só veio à tona, depois que os moradores da comunidade fecharam a MA 324 para protestar contra o empreendimento que supostamente estaria servindo apenas para desviar recursos públicos.

No endereço indicado pelo Cnes, o BLOG recebeu imagens da UBS que motivou a revolta dos populares da localidade. O flagrante mostra um imóvel abandonado e tomado pelo mato.

De acordo com os moradores, há mais de dois anos a unidade de saúde não presta qualquer tipo de atendimento, por ausência de médico, enfermeiro e remédio. No entanto, levantamento realizado pelo blog, junto ao sistema do Ministério da Saúde, mostra que pelo menos onze servidores estariam recebendo repasse do SUS de maneira ilegal.

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Mesmo abandonado, posto de saúde teve  médicos e enfermeiros cadastrados no SUS

Mesmo abandonado, posto de saúde teve médicos e enfermeiros cadastrados no SUS

De todos os funcionários cadastrados, dois chamam a atenção: a cirurgiã dentista, Hannah Sulene Almeida Duarte e Patrícia Mendes Dutra, enfermeira da Estratégia de Saúde da Família. As duas servidoras, assim como os outros nove, estão com cadastros ativos como prestadores de serviço. O problema é que os estabelecimentos encontram-se sem funcionamento há dois anos.

O mais grave é que, mesmo sem funcionar, no último dia 08 de fevereiro, a Prefeitura de Anajatuba informou ao Ministério da Saúde que a UBS de Cumbi estaria em plena atividade, ao atualizar o cadastro do estabelecimento. O que prova que o dinheiro está sendo repassado regulamente para o posto de saúde.

No último dia 08 de fevereiro, Prefeitura de Anajatuba informou ao Ministério da Saúde que a UBS de Cumbi estava em plena atividade

No último dia 08 de fevereiro, Prefeitura de Anajatuba informou ao Ministério da Saúde que a UBS de Cumbi estava em plena atividade

SÓ DE “H”
Para o presidente da Associação dos Moradores daquela comunidade, o cadeirante José Antônio, o posto fica aberto só de “h” e, segundo ele, não tem a mínima condição de nos atender.

“Não existe médico, não tem remédio, não tem nada. E a informação que temos na cidade é que inclusive, o Ministério da Saúde já teria enviado recurso para melhorar a situação do posto, mas até agora, nada. Nós gostaríamos de saber que tanta força é essa que esse homem tem que nada e nem ninguém consegue frear as sandices dele”, finalizou revoltado.

Presidente da Associação dos Moradores, o cadeirante José Antônio, em reunião com a comunidade

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